Calma! É apenas um sonho!


De regresso a casa, quando estava a preparar para entrar, dei conta de que tinha perdido a chave. Não podendo entrar em casa, via-me obrigada a dormir na rua.
Era de noite, fazia muito frio e pouco antes tinha chovido. Comecei a caminhar sem rumo e para tentar tranquilizar-me dizia: “Esta situação não é real, não estás a vivê-la, é apenas um sonho”.
Então decidi sentar-me num dos bancos que havia na rua e, ao fazê-lo, reagi subitamente… sim, a situação era real, o banco estava molhado, tinha-o sentido nitidamente. Não havia nenhuma dúvida, não se tratava de um sonho. E ao pensar que teria de passar a noite na rua invadiu-me uma grande angústia.
Então, de novo, fui abordada pelo mesmo pensamento. Dizia a mim própria: “Calma, esta situação não é real, não estás a vivê-la, é apenas um pesadelo”.
Sim, mas não podia tratar-se de um sonho… Sentia o vento na cara de uma forma tão real!
Foi então que despertei. Não sei exatamente se foi por causa da angústia ou do meu grande desejo em acordar para poder constatar que efetivamente tratava-se de um sonho.

María Giráldez, Tuy (Pontevedra), Espanha

A casa e a força invisível


Sonho muitas vezes com casas. Um desses sonhos foi aterrador para mim.
A casa era grande, branca, antiga, com janelas estreitas e em madeira… Era Outono e as folhas das árvores cobriam o chão.
Sem vontade e sem dar por isso, já estava dentro da casa. A luz era escassa e o corredor
enorme e cheio de portas de um lado e do outro! Sentia junto a mim uma força magnética, como se fosse uma entidade invisível, que me impelia a percorrer o corredor embora tivesse vontade de sair dali a correr.
Comecei a abrir porta atrás de porta à procura da saída. Sempre perseguida por aquela força…
Até que “bati de frente” com essa força que tentava entrar em mim, apoderar-se do meu
corpo e usá-lo para se deslocar. Eu gritava: “Não, não, não! Vai-te embora! Eu sou mais forte do que tu!”. Quando começava a sentir que a força estava a ganhar terreno, ela retirou-se e dei por mim fora da casa junto a uma árvore grande. Vi um monte de folhas que me pareceu estranho. Aproximei-me e vi que as folhas tentavam ocultar um corpo. Debrucei-me sobre ele. Era uma mulher e estava de barriga para baixo. As costas nuas e feridas. Tinha o cabelo apanhado em “rabo-de-cavalo”. A cara voltada para o lado direito. Reconheci-a. Era eu!

Marlene Correia, Guimarães (Braga), Portugal

O polícia…



Tive este sonho há mais de 12 anos. Na altura, estava a tirar o curso, no Porto.
Sonhei que era de manhã cedo e ia atravessar uma avenida a caminho de casa. O sinal estava verde para os peões e amarelo para os carros que vinham de uma rua perpendicular. A ¾ da minha travessia surgiu, da rua perpendicular, uma carrinha branca que não parou na passadeira. Só tive tempo de dar um salto para a frente a fim de evitar ser atropelada.
Assustada, olhei para o passeio e vi, junto ao semáforo, um polícia que nem se apercebeu do ocorrido. Fui acordada pela minha colega de quarto, uma vez que eu estava muito agitada.
Nessa manhã, saí cedo para ir para as aulas. Não tive a primeira aula e como morava perto da escola decidi ir para casa. Para isso, tinha de atravessar uma avenida (a do sonho). O sinal ficou verde e iniciei a travessia. A ¾ da mesma avenida surgiu uma carrinha branca, vinda da rua perpendicular, que quase me atropelou não fosse eu ter saltado para a frente. Quando olhei para o passeio, não estava lá um polícia, mas um homem vestido de azul-marinho até ao boné…

Marlene Correia, Guimarães (Braga), Portugal

Uma soldado inesperada



Estava na casa onde morei com outras raparigas no meu tempo de estudante. Era tudo confuso, algumas coisas eram iguais àquela época, outras eram diferentes. Sentia-me deslocada e oprimida embora estivesse na “minha casa”. As outras raparigas estavam a implicar comigo e de repente éramos um grupo muito grande de pessoas na margem do rio Douro. Depois, num barco que era tipo plataforma sobre o rio, junto à margem, tínhamos de atravessar o rio a nado, não sabia bem porquê.
A meio da travessia percebi que havia um comandante, e eu e todas as outras éramos
soldados. A ordem, a meio do rio, foi: “Têm de formar a bandeira americana!” De repente, faço “zoom out” e vejo a formação desde a outra margem. Era um grande retângulo quadriculado de cabeças… que ocupava quase toda a largura do rio.
Começamos a “desfazer” a bandeira conforme íamos chegando à outra margem.
Nova ordem: “Atravessem para a margem de onde vieram!”
Eu estava hesitante, cansada, com medo de não aguentar, até porque nadava mal (como na vida real) até que uma soldado me encorajou e lá atravessei o rio.
Mal subi à plataforma o comandante diz-me que fiz tudo mal, pois tinha de ter agarrado nos balões que estavam no rio e retirar os que tivessem na ponta do fio que estava debaixo de água.
Eu não sabia disso e só vi os balões ali da plataforma. Todos tinham completado a missão com êxito total menos eu…

Marlene Correia, Guimarães (Braga), Portugal