De regresso a casa, quando estava a preparar para entrar, dei conta de que tinha perdido a chave. Não podendo entrar em casa, via-me obrigada a dormir na rua.
Era de noite, fazia muito frio e
pouco antes tinha chovido. Comecei a caminhar sem rumo e para tentar
tranquilizar-me dizia: “Esta situação não é real, não estás a vivê-la, é apenas
um sonho”.
Então decidi sentar-me num dos
bancos que havia na rua e, ao fazê-lo, reagi subitamente… sim, a situação era
real, o banco estava molhado, tinha-o sentido nitidamente. Não havia nenhuma
dúvida, não se tratava de um sonho. E ao pensar que teria de passar a noite na
rua invadiu-me uma grande angústia.
Então, de novo, fui abordada pelo
mesmo pensamento. Dizia a mim própria: “Calma, esta situação não é real, não estás
a vivê-la, é apenas um pesadelo”.
Sim, mas não podia tratar-se de
um sonho… Sentia o vento na cara de uma forma tão real!
Foi então que despertei. Não sei
exatamente se foi por causa da angústia ou do meu grande desejo em acordar para
poder constatar que efetivamente tratava-se de um sonho.
María
Giráldez, Tuy (Pontevedra), Espanha