Freud (I)


Sigmund Freud nasceu a 6 de maio de 1856, em Príbor (ex-Freiberg, que na época pertencia ao Império Austro-Húngaro), atual República Checa, e morreu a 23 de setembro de 1939, em Londres, Inglaterra.
Quando Sigmund tinha quatro anos, a sua família foi viver para Viena em busca de uma vida melhor. Nesta cidade, permaneceu cerca de oito décadas.
O pai de Freud era um judeu comerciante de lãs e têxtis. Sigmund era o filho mais velho (de seis irmãos) do terceiro casamento do seu pai.
Sigmund era o filho preferido da mãe. Aluno brilhante no ensino secundário, Sigmund era o único dos irmãos que tinha quarto próprio e com lamparina a óleo, que proporcionava melhor iluminação para estudar do que as velas usadas pelos irmãos. Os pais não permitiam que em casa os irmãos tocassem instrumentos musicais para não perturbar os estudos de Sigmund.

Falava alemão e hebraico em casa e, na escola, estudou francês, inglês, latim e grego. Fora do currículo escolar, sozinho ainda estudou italiano e espanhol.
Todavia, enquanto estudante universitário foi um aluno mediano, mais interessado em pesquisas científicas do que no próprio curso. Precisou de oito anos para concluir Medicina. Pelo meio dedicou-se à biologia, dedicando bastante tempo ao estudo da sexualidade das enguias, mas sem resultados conclusivos. Passou também pela fisiologia e realizou um trabalho sobre a espinha dorsal dos peixes. Fora da área curricular frequentou filosofia.

Investigações
Durante o período universitário, Freud realizou experiências com cocaína, que naquela época não era uma substância proibida. Publicou alguns trabalhos, afirmando ter descoberto as propriedades analgésicas da cocaína, negligenciando (talvez por desconhecimento) que K. Koller já havia publicado um trabalho desenvolvido sobre a anestesia.
Em 1882, depois de obter o diploma de médico, Freud queria continuar as suas investigações, mas isso proporcionava-lhe parcos rendimentos. A sua vida era modesta. Ficou noivo de Martha Bernays.
Sigmund e Martha adiaram várias vezes o casamento por razões financeiras. Freud começou a trabalhar como clínico. Depois de reuniram condições económicas casaram-se ao fim de quatro anos.
Em 1885, Freud obteve uma bolsa de estudo e concretizou o seu sonho: ir para Paris assistindo às aulas de Jean-Martin Charcot, médico muito falado da época pelo seu recurso à terapia da histeria através da hipnose.

(sobre este tema, ver excerto do filme “Freud: the secret passion”, de John Huston - 1962)



 
Em 1886, Freud casou-se com Martha (tiveram cinco filhos). No mesmo ano fez uma conferência sobre a histeria masculina na Sociedade dos Médicos, em Viena, onde não foi bem acolhido. Atribuiu a Charcot a paternidade de conceitos que já eram conhecidos. Depois do caso da cocaína, foi a segunda vez que Freud cometeu a mesma imprudência.

(sobre este tema, ver excerto do filme “Freud: the secret passion”, de John Huston - 1962) 




 O caso Anna O.
Entretanto, Freud conheceu Josef Breuer, um médico mais velho que fazia as suas investigações sobre a histeria contra a corrente dominante. Breuer acabaria por se tornar num forte aliado de Freud e também num protetor financeiro, já que Sigmund tinha uma posição económica relativamente modesta.
Foi através de Josef Breuer que Freud conheceu outro médico judeu, Wilhelm Fliess, que investigava a bissexualidade, um tema novo na época. Fliess tornou-se no principal confidente de Freud e ao longo de vários anos trocaram milhares de cartas.
Breuer e Freud concordaram em produzir um trabalho comum sobre as pesquisas que ambos estavam a fazer sobre a histeria. A mais importante das obras, “Estudos sobre a histeria”, de 1895, contem o paradigmático episódio conhecido pelo caso Anna O., uma paciente de Breuer.
A jovem Anna O. (cujo verdadeiro nome era Bertha Pappenheim) sofria de histeria e tinha distúrbios na fala. Através da hipnose, Breuer descobriu que, quando em transe, Anna recordava memórias traumáticas e os seus sintomas desapareciam. A jovem recuperou a fala. Este caso ficou famoso também por ser usada, pela primeira vez, a expressão “cura da fala”, frase proposta pela própria Anna O..

No filme de John Huston este episódio surge bastante alterado. Em vez de Anna, a jovem chama-se Cecily; em vez de um défice da fala tem um problema de visão; e em vez de ocorrer sob o efeito da hipnose de Breuer é Freud o protagonista. Enfim, coisas de Hollywood.

(sobre este tema, ver excerto do filme “Freud: the secret passion”, de John Huston - 1962)