A avó de olhos azuis



Tinha cerca de 10 anos quando a minha avó materna faleceu. Apesar de ela ter vivido sempre numa aldeia próxima de Vila Real, e de só nas férias escolares de Verão ter o hábito de passar muito tempo com ela, a minha avó não fazia segredo de que eu era a sua neta preferida, e tínhamos uma ligação muito forte e especial.
Não me recordo de ter sonhado com ela nos anos imediatamente seguintes à sua morte, mas sei que quando tinha uns 16 ou 17 anos tive um sonho que me deixou a pensar, e ao qual nunca consegui dar uma interpretação lógica.
Pois se é certo que a minha avó viveu sempre em Mondim de Basto, e que poucas vezes veio ao Porto, no meu sonho ela vivia perto de minha casa e ia de autocarro visitar-me, regressando depois, também de autocarro, à casa dela, que no meu sonho (vá lá saber-se porquê…) ficava em Ermesinde, no concelho de Valongo.
Neste sonho a minha avó apareceu-me numa curva perto do início da minha rua, e tinha ao seu lado um enorme rato preto, do tamanho de um gato bem cheio! A minha avó tinha o seu sorriso, cândido e sereno, mas tinha também uma característica completamente diferente daquela que era a sua realidade: no meu sonho a minha avó tinha olhos muito azuis! O sonho consistiu apenas nisso: a minha avó, de olhos azuis, sorrindo e sem dizer palavra, numa curva do meu caminho, tendo ao lado um enorme rato preto. Recordo-me de ter acordado a transpirar, e de este sonho, e em particular os olhos azuis que a minha mente adormecida emprestou à minha avó, me terem assustado bastante…

Carla Teixeira, Porto (Porto), Portugal

Sem comentários :

Enviar um comentário

comentar este sonho