O sonho de Irma


Em 1895, Irma, paciente de Freud e amiga da família, não estava recuperada do tratamento por via da psicanálise. Freud ficou ressentido quando um seu colega psicanalista lhe chamou a atenção pelo facto de que Irma não tivera melhoras dos sintomas de histeria.
Depois da conversa com o seu colega médico, Freud teve um sonho que o incluiu em “A Interpretação dos Sonhos”.

“Sonho de 23-24 de julho de 1895
Um grande salão – estávamos a receber numerosos convidados. Entre eles estava Irma. No mesmo instante, puxeia-a de lado, como que para responder à sua carta e repreendê-la por ainda não ter aceitado a minha solução. Disse-lhe: “Se ainda sente dores é apenas por culpa sua”. Respondeu ela: “Ah! Se o senhor doutor pudesse imaginar as dores que sinto agora na garganta, no estômago e no abdómen… estou a ficar sufocada!” Fiquei alarmado e olhei para ela. Parecia pálida e inchada. Pensei comigo que, afinal de contas, devia-me ter escapado algum distúrbio orgânico. Levei-a até à janela e examinei-lhe a garganta. Ela resistiu, como fazem as mulheres com dentaduras postiças. Pensei que não havia necessidade de ela fazer aquilo. Em seguida, ela abriu a boca como devia e, no lado direito, descobri uma placa branca. Vi também ossos turbinados no nariz. Chamei imediatamente o dr. M. e ele repetiu o exame e confirmou. (…) Disse-me: “Não há dúvida de que é uma infeção, mas não tem importância, sobrevirá a uma disenteria e a toxina será eliminada.” Tivemos logo a consciência da origem da infeção. Não muito antes, quando ela não se estava a sentir bem, o meu amigo Otto aplicou-lhe uma injeção de um preparado de propil, propilos, ácido propiónico, trimetilamina (…) Injeções como estas não deveriam ser aplicadas de forma tão impensada. E, provavelmente, a seringa não estava limpa”.

Sigmund Freud, Viena (Áustria, 1895)

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