Este foi um sonho recorrente na minha infância. Entre os
meus quatro e os meus 12 anos, sonhei a mesma exacta história, com os mesmos
exactos contornos, que começava e terminava sempre da mesma exacta maneira:
numa sala que conheço desde miúda, por estar situada no local de trabalho de
uma pessoa conhecida, que na minha infância visitava muito, há um elevador. No
meu sonho, a porta desse elevador abre-se e eu, com a curiosidade que é natural
de uma criança, espreito para o interior, onde não se encontra ninguém, porque
nem sequer existe um chão. Aproximo-me e espreito para o fosso do elevador. Lá
em baixo, a uns quatro andares de distância, vejo o solo onde o elevador pousa
quando desce, e olhando para cima vejo a caixa do elevador presa uns três
andares acima, e a começar a descer, na minha direcção. Com a ânsia de fugir do
embate iminente, faço um gesto rápido para recuar, mas acabo por cair para a
frente, precipitando-me no fosso do elevador.
Nos segundos seguintes, que no sonho parecem ser
intermináveis, vejo-me em queda livre, como se caísse de uma altura muito
superior aos quatro andares que realmente existem naquele lugar. Caio
finalmente no chão, mas continuo consciente e a ver a caixa do elevador descer,
vindo sempre na minha direcção. Estou em pânico, mas não grito nem ensaio
qualquer tentativa de me mexer ou libertar da ameaça, pois dou como
incontornável e decidida a minha morte. No entanto, e apesar de ter sonhado com
isto ao longo de anos, nunca chego a morrer neste sonho, pelo menos de forma
clara. É que acordo sempre no exacto momento em que a caixa do elevador está
prestes a atingir-me e a esmagar-me no fundo do fosso! Durante anos a fio
sonhei com isto, e o sonho decorreu sempre da mesma maneira…
Carla Teixeira, Porto (Porto), Portugal
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